Mesmo em meio à crise econômica que o Brasil vem enfrentando, os donos de pets continuaram consumindo, fazendo com que esse mercado se expandisse durante a pandemia. E, segundo especialistas, a tendência é que continue registrando um crescimento sem precedentes. Nos últimos cinco anos, o setor de acessórios e alimentos pets cresceu 87%, de acordo com uma pesquisa da Euromonitor International. Na pandemia, percebeu-se um crescimento ainda maior, já que muitas pessoas encontraram na adoção de pets o conforto e o carinho de que foram privadas pela falta do convívio social.
“Puxado pelo faturamento do pet food, o setor de produtos e serviços para animais de estimação deve chegar a um faturamento de R$ 49,9 bilhões em 2021. Em comparação à previsão baseada no primeiro trimestre, houve aumento na projeção. A partir dos dados compilados até março de 2021, a expectativa era de R$ 46,5 bilhões no ano”, declara Nelo Marraccini, Presidente do Conselho Consultivo do Instituto Pet Brasil. O levantamento do instituto projeta o valor total do ano com base no 1º semestre e representa uma alta de 22,1% em relação à movimentação do ano passado.
Pet shops pequenos e médios continuam a ser o principal canal de acesso aos produtos, representando praticamente metade de todas as conversões do setor (48%). No varejo alimentar e nos supermercados, ainda há excelentes oportunidades de crescimento, pois o segmento detém apenas 8,9% das vendas.
Como destaque, o comércio eletrônico também continua a crescer, indicando uma mudança progressiva de hábitos das famílias que possuem pet em casa. Em 2020, esse canal de acesso representou 4,6% das aquisições de produtos, mas cresceu isoladamente 25% em relação a 2019.
Segundo Marraccini, há projeção de crescimento para os próximos anos, porém com alguns pontos de atenção. “O mercado pet continuará crescendo, mas há de se levar em conta que o segmento produtivo, a indústria, está sofrendo fortemente com o aumento do valor das matérias-primas, que chegou, em alguns casos, a mais de 100%. Isso encarece a produção, gera efeito inflacionário, e parte disso chega ao consumidor. Dessa forma, o crescimento em faturamento não pode ser totalmente interpretado como crescimento da produção ou do consumo.”
O Presidente ainda diz que é preciso lembrar de outro importante fator: o bolso dos consumidores. “As pessoas, muitas vezes, acabam optando por um produto mais em conta. Ao invés do premium, entra o standard. Esse movimento deve continuar no próximo ano.”
Para aquecer as vendas nas lojas, o primeiro passo é diversificar o mix. “Pet food, isoladamente, deve representar R$ 26,8 bilhões, ou 53% do faturamento. Produtos de higiene e bem-estar animal, o pet care, deverão representar R$ 2,7 bilhões, 5,6% do mercado e 19,3% de crescimento”, diz Marraccini, citando os itens que são praticamente obrigatórios na exposição. “Itens como tapetes sanitários, brinquedos, snacks e acessórios, como guias e escovas, não podem faltar, se a ideia é uma oferta variada”, completa.
Mas não é preciso parar por aí. Vão se diferenciar, nesse nicho, aqueles que entenderem os novos hábitos dos consumidores em relação aos seus pets. “Os produtos para animais de estimação estão mais atraentes e criativos. Eles buscam encantar porque, hoje, a família quer que todas as experiências, dentro e fora de casa, envolvam os animais”, orienta Marraccini.
Oferecer um ambiente pet friendly é, da mesma forma, essencial para atrair os bons compradores de produtos para animais. Aceitar pets na loja e ter espaços adequados para que transitem e descansem, bem longe de onde são preparados e manipulados os alimentos, é interessante. Mas, para uma recepção realmente calorosa às famílias com bichinhos, a dica é treinar a equipe. Colaboradores preparados para lidar com os animais – principalmente cães – facilmente cairão no gosto dos proprietários de pets, estimulando-os a voltarem mais vezes ao seu PDV.